A Meningite é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro e outras partes do sistema nervoso central. Os causadores podem ser vírus, bactérias ou fungos. Se olharmos as estatísticas, o maior número de casos é causado por vírus, em um tipo de Meningite que geralmente não é tão grave e tem baixo risco de sequelas. A Meningite por fungos é bastante rara, geralmente associada a alguma outra doença já existente.
O tipo de Meningite mais comentado, que mais assusta as pessoas, é a Meningite bacteriana, pois tem início súbito e evolução rápida. Em alguns casos, poucas horas de evolução já são suficientes para que o caso se torne grave, podendo levar à morte em 24 a 48h. O tratamento deve ser imediato e cerca de 20% dos pacientes não resiste e há também o risco de sequelas permanentes.
São três as principais bactérias causadoras de Meningite: pneumococo, Haemophilus influenzae e meningococo. A Meningite por H. influenzae era uma grande preocupação até poucos anos atrás, quando foi introduzida a vacinação em bebês e os casos diminuíram drasticamente, sendo muito raros atualmente. É um grande exemplo do sucesso da vacinação. Contra os principais tipos de pneumococo (Streptococcus pneumoniae) também já existe vacina inserida no calendário básico, mas o número de casos ainda se mantém elevado, causando preocupação epidemiológica, pois os casos costumam ser muito graves.
O meningococo (Neisseria meningitidis) é o responsável pela maioria dos casos de Meningite bacteriana atualmente e a doença meningocócica é muito grave, apresentando alta letalidade e altos índices de sequelas, como perdas auditivas, amputações, danos neurológicos, entre outros. Embora a doença meningocócica tenha se mantido em níveis endêmicos no Brasil (número constante de casos), esta bactéria tem um grande potencial de causar surtos e epidemias, como já ocorreu no Brasil e ainda ocorre em alguns países.
São vários tipos de meningococo que causam Meningite (A, B, C, W e Y). No Rio Grande do Sul, os tipos B, C e W são os mais comuns entre bebês e crianças até 4 anos, com prevalências muito semelhantes. Já em crianças maiores, adolescentes e adultos, o tipo C é o mais comum.
Quando ouvimos falar sobre um caso de Meningite na cidade ou próximo à nossa família, ficamos todos assustados, sem saber o que fazer. Afinal, em torno de 20% das pessoas com Meningite meningocócica morrem e 10 a 20% das sobreviventes ficam com sequelas. Então, é possível prevenir a Meningite bacteriana por meningococo? Sim, algumas medidas são eficazes na prevenção desta doença grave. Entre elas, está a vacinação, assunto para o qual reservamos um tópico completo. Veja:
A medida mais eficaz na prevenção das Meningites bacterianas é a vacinação. Mas atenção: é preciso já estar vacinado antes da ocorrência de um caso próximo. Muitas pessoas procuram as vacinas somente quando ficam sabendo que ocorreu um caso na escola do filho. A vacina feita neste momento é válida porque vai ter efeito em futuros contatos, mas não imediatamente, pois a vacina leva no mínimo duas semanas para ter efeito e a Meningite pode ocorrer em horas ou poucos dias após o contágio.
Outro erro comum é pensar que apenas as crianças devem ser vacinadas. Os casos são mais comuns em crianças, mas muitos ocorrem em adolescentes e adultos, tornando a indicação de vacinação dos adolescentes e adultos fundamental. O sistema público oferece a vacina contra o meningococo C para bebês e adolescentes de 11 a 14 anos. Já as clínicas privadas oferecem vacinas com cobertura maior, contra os cinco tipos mais comuns de meningococo (A, B, C, W e Y), que podem ser utilizadas dos dois meses de idade aos 60 anos ou mais. Para saber mais sobre as vacinas, clique aqui.
Por se tratar de uma doença aguda, de evolução muito rápida, é importante conhecer os sintomas da doença, que ocorrem repentinamente e necessitam tratamento imediato:
– febre, geralmente alta;
– vômitos;
– confusão mental;
– rigidez no pescoço
– inconsciência;
– apatia.
É importante lembrar que nem sempre todos os sintomas estão presentes e em bebês pequenos a apresentação pode ser um pouco diferente. Por isso, é importante manter a atenção a qualquer sintoma apresentado, combinado?
A Meningite bacteriana é uma doença que ocorre durante o ano todo, com aumento no número de casos durante os meses mais frios. Como as bactérias que causam a doença ficam alojadas na mucosa das vias aéreas superiores, a transmissão ocorre por via respiratória, de pessoa para pessoa, e não é preciso estar doente para transmitir a bactéria. Uma pessoa perfeitamente saudável pode transmitir a bactéria a outra e esta adoecer. Assim, o cuidado de ventilar os ambientes e evitar aglomerações é um dos fato que diminui o risco de transmissão.
O importante é que não é preciso esperar a Meningite chegar perto para se prevenir. Você pode conversar com a equipe da Salus para saber qual é a indicação para o seu caso.
Luciana Weidlich
Farmacêutica Doutora em Bioquímica
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